quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Azul

Entre os neons que te iluminavam os olhos
Rodava e revirava uma briga de belezas
Bem belezinha era a sutileza de cada segundo
A cada dia apenas alguns minutos
Não chega a uma hora em toda vida
Nuvens macias vem e são bem vindas
"E ai?" Alguns dias tão cheios de vindas e idas
Estou indo por que preciso
Crescer é sofrido pra quem é tão pequenino
Apenas uma criança que brinca sem se ligar
E na hora de acordar e se mandar pro seu rumo
Tudo parecia demorar demais
Mas eram apenas segundos
"E ai?" Contidos, fugidos e escondidos
Cada passo sem sentido para lugar nenhum
Apanas prolongando cada palavra
E o silencio que enfeitava era a melodia
"E ai?" Uma bomba pulsando e lançando para todo o cosmos
Uma tímida tempestade seguida de um ataque defensivo
De uma roda gigante que caia sobre nós
"E ai?"
Preciso voltar pra casa
Preciso voltar pros trilhos

terça-feira, 28 de junho de 2016

Sem Cordas


O violão ficou jogado pro lado
Cansado de ser tocado
Mãos desmerecidas o desafinaram
Tocaram batidas que o batiam
Além de entoar canções inexistentes 
Foi tocado, foi tocado, foi deixado
Pro canto de lado jogado pro alto
Em autorretrato foi retratado
Destratado pelo toque do finotrato
Que em alto e bom tom
Tomou seu braço cheio de embalo
Cambaleando e arrastando-se infantilmente
Assistiu o drama da dança
Que sem musica foi desmascarado 
Atormentado, desmotivado e mal avaliado
Ficou sem cordas, sem notas, sem volta
E de volta para lá agora
De onde nunca deveria ter vivido 
Tocado, deixado, cansado
Amedrontado não mais
Seguir para onde deve ficar

Um pedaço em cada lugar

Entre vários ventos fortes
E embaixo de um sol alegre
O mais vivo que já vi
Ou na estrada escura sob o luar
Só havia tatos de toques 
Barulhos de passos e folhas
E o medo da porta bater
Ou da porta abrir e seguir
Entre palavras que brincavam
Que se jogavam como rimas
Rios se iam como a noite
E se foi, foi indo, foi mais
Foi tanto que morreu no mar
Normal pra quem se foi
Mas mal pra quem só ria
Só restos a quem morria 
Lembranças a quem sorria
Lento se tornou o vento
Veio o vento, passou o vento
Só restou o os lugares
Por toda a cidade tem lugar
E em cada lugar tem um pedaço
Um sorriso que viveu 
Por toda cidade ficou 
É só andar pela cidade

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Correntes de amor


Eu acredito de verdade
Que o amor é maior que tudo
Eu acredito firmemente
Que nada desse mundo
É mais forte que o amor
Eu creio e espero
Não importa o quanto longe esteja
Eu sei que onde estiver
É ela quem vai te buscar
É ela quem vai cuidar
Pois não existe maior amor
Do que aquele que se doou
Livremente a essas cadeias de amor
E a esse amor, a esse colo
Sempre estará ligado
O cordão umbilical se rompe
Essas cadeias na tua alma não
Pode ir, ela também estará lá
E como a santa de lisieux diz
Que pra amar alguém
Deve-se rezar ao lembrar
Eu serei para ti
O que as carmelitas são para a igreja
E a mãe será pra ti
O que ela sempre foi
Serva do Amor
Por amor contigo sempre estará

quinta-feira, 31 de março de 2016

Pássaros vem e vão


Sem preparo ele foi
Sem saber voar ele foi
Se jogar ele foi
Um pássaro cego foi
Se lançando foi
Sentindo o frio do ar
Não era tempo
Ele foi e se foi
Ainda dava tempo
Ele não voltou
Voltava-lhe o tempo
Ele apenas pousou
Ele foi e se foi
Ele se foi por que foi
E pro passado foi
Ele foi e se foi
Ele passou
O ninho ficou
Por que sem pensar ele foi
Mas o ninho ficou
A canção ficou
O calor ficou
A lembrança ficou
Mas ele foi e se foi
Ele foi
Por que ele não é
Ele apenas foi

Apenas se foi

segunda-feira, 28 de março de 2016

Até logo


Barulho, sereno e pressa
O vento trazendo e levando
Ninguém ouvindo a ninguém
 Todos voltando felizes
Uma ponte se estendendo
Uma luz brilhando
A cidade está se iluminando
Todos os olhos fixam
E dançam com o balançar
Procuram evidencias
Há muita eloquência
Há muita 
Há uma janela
O vento e as gotas entram
O vento desarruma
As gotas são como fugas
Mas a luz brilha
E brilha mesmo
Brilha sem medo
Brilha sem peso
Brilha sem pressa
Até que a porta se abre
Uma ultima intensa brilhada
E o brilho se afasta
Sumindo dali a diante
Indo no meio da noite

Até nunca mais


OBS: Dedico o post de hoje ao aniversario de um herege ai: Marcvs

domingo, 27 de março de 2016

Se deixe levar


Não deixe que o perfume se vá
Não deixe o vento levar
O cheiro das flores
O cheiro no ar
Que fica quando o sol se põe

Mesmo que as noites se alonguem
Mesmo que o sol demore a dormir
Ainda assim não deixe que se vá
Todo aroma que demorou a encontrar

Não deixe que o perfume se vá
Não deixe o vento levar
O cheiro das flores
O cheiro no ar
Que fica quando o sol se põe

Mesmo que não seja real
Mesmo que não seja possível sentir
Todo aroma que exala de cada palavra
Por uma simples noite escura

Não deixe que o perfume se vá
Não deixe o vento levar
O cheiro das flores
O cheiro no ar
Que fica quando o sol se põe

Um dia haverá um desejo
Que o sol nunca se ponha
Que a noite nunca se acabe
Que o tempo não passe
Que a chuva caia
E haja um perfume só

Não deixe que o perfume se vá
Não deixe o vento levar
O cheiro das flores
O cheiro no ar
Que fica quando o sol se põe
Que fica quando é hora de dormir

sexta-feira, 4 de março de 2016

Basta uma canção


Existe medo

Medo da distancia
Medo do tempo
Medo do novo
Medo do de novo

Existe medo da entrega
Existe medo da espera
Existe medo dela. 

De viver
De entender
De se entender 
De se deixar entender. 

Medo de descobrir
Medo de algo não descobrir
Medo de se deixar descobrir.

Medo do silencio
Medo das palavras
Medo do sentimento
Medo das ciladas. 

Existe medo de pagar pra ver
Existe medo de ver
Existe medo de nunca ver. 

Medo de ser
Medo de não ser
Medo de sofrer
Medo de fazer sofrer

Existe medo de ter medo
Existe medo de se fazer o medo
Existe medo do desejo

Existe medo do de repente
Existe medo do novamente
Existe medo de ser inconsequente. 

Existe medo de chorar
Existe medo de falar
Existe medo de fazer chorar

De ferir
De se ferir
De sangra de novo
De ver sangrar o outro. 

De estragar tudo
De não ser o rei do mundo
De não existir um mundo
De não ter esse nosso mundo. 

Existe medo de ficar pra trás
Existe medo de voltar atrás
Existe medo de olhar pra trás
Existe medo de parecer tempos atrás. 

Existe medo de se perder
Existe medo de desaparecer, 
Existe medo de não ser 
Existe medo de um novo rumo aparecer
Existe medo de nunca chegar acontecer. 

Medo de sonhar
Medo de se preparar
Medo de caminhar
Medo de largar as defesas
Medo de ir de vez
Medo de ficar sem reservas. 

Existe medo dessa loucura
Existe medo de ser uma loucura
Existe medo de não ser louco o suficiente.

Existe medo de ser apenas medo
E por esses medos
Não viver além do que o medo pode mostrar.

Mas acima do medo
Existe um enredo
Que medo nenhum

É capaz de segurar


Palavras Dançam?

Os passos bem largos bem soltos e livres de pesos, que corriam apressados, se acalmam e dançam na chuva. Brincam, sorriem e abandonam o tempo e podem até sentir o toque. Toque macio e penetrante de cada gota que chega e refresca essa temporada.
São crianças, até bobas, até tolas, mas vamos falar dessa chuva que no meio de tantas palavras, dançam e encantam com suavidade e beleza, com os sinônimos ousados e usados pra reprimir o obvio. 
E é ela quem conduz o caminhar. É ela quem escolhe o ritmo. É ela quem vai esclarecendo as etapas e vai juntando esses passos na chuva e essas frases confundidas com ruas. As ruas que se cruzam, que se afastam, se juntam, cheias de meias palavras, pensamentos.
A chuva observa com carinho o andar de todos, inclusive dessas crianças que se olham e dançam na chuva como se a rua fosse infinita. Mas essas não sabem brincar. Hora se escondem hora se mostram, parecem até brincar de pira-pega. Só que a chuva também tem hora pra acabar e as crianças hora de voltar pra casa.
Antes de irem, se desvendam mutuamente, e se descobrem vividas, décadas e décadas. Onde aquele trajeto tinha sido o melhor, de toda uma infância confusa. A chuva dizia que ia voltar amanhã, então os sorrisos brotavam confiantes, os olhos brilhantes e mãos que se tocavam e já não era mais preciso sinônimos. Não havia adjetivo capaz de expressar. Apenas um, que desde então seria como um vício de linguagem que acariciava os ouvidos e abraçava de longe.
Todas as tardes eram assim, risos, descobertas, sonhos e certezas. Mas houve um tempo em que o silencio brotou. Olhavam-se na mesma rua, mas se ignoravam como se não estivem na mesma rua. Mas era uma escolha de cada, deixar ficar, deixar ir, deixar chover novamente. Talvez tenha ficado chato pra elas correr na chuva.
E a chuva se frustrava por não mais ser capaz de juntar esses passos, esses sorrisos, esses olhares, essas mãos.
Era o fim das férias. Mas não o fim dos pensamentos, das vontades, e muito menos da chuva, que hoje chove lá fora esperando as próximas férias, as próximas brincadeiras, as próximas crianças, os próximos sorrisos cruzados.
Amanha é dia de sol, não terá chuva, mas o dia que vem, e deverá ser vivido, e quem sabe usar o tempo a seu favor, vai se divertir mais ainda. A chuva deixa o lugar pra uma nova temporada, onde o sol pode iluminar novas corridas e novas saídas, e novas coisas. Novas, novas, novas. Tudo novo.
Deixa nascer, deixa brotar, deixa crescer, deixa dar frutos. Foi o ultimo recado da chuva antes de partir pra outra terra. Mas cada um é dono de seu futuro e suas escolhas. Manter-se passivo ou atuante nessa nova temporada é uma escolha de cada criança.
Ainda tem muita rua, muito sol, muita chuva, pra muitas crianças brincarem.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Estranho e Desconcertado

Talvez seja só o tempo que desgastou as botas. Foram tantas quedas ao tentar pular do bico de uma montanha a outra, que subir tudo de novo parece desesperançoso de mais.
Mesmo que tudo esteja florescendo de maneira bela, ainda a um inverno rígido aqui em baixo que congela qualquer tentativa de esquentar os pequenos e incômodos habitantes dessa caixa de entulho.
Talvez haja a vontade de florescer, mas os ventos são fortes e frios demais pra que essas pétalas desabrochem.
No caminho parece não mais haver nada que se possa apoiar. E mesmo sabendo que no topo dessa montanha há um jardim florido, o alpinista sem cordas e sem nada, já não tem mais a visão do coração aberta.
O frio, a fome, o cansaço... tudo isso o cegou, o secou.