terça-feira, 22 de setembro de 2015

Cronica do Viajante Interno


 
   Acontece que mesmo com milhares de lugares andantes, não tem explorado um metro fora de seu quarto. Quer encontrar o mundo mas o procura em sua gaveta.

   Pode ser justamente por não haver mais sentindo em tentar proucurar, pelo menos em sua sala, ou quem sabe até no seu jardim. Por não ver sentido mesmo. Não que que seja inexistente um sol capaz de iluminar essas pupilas.

   E tentar proucurar na gaveta, é querer rememorar um dilúculo  irreconstituível.

   Por que é necessário arriscar machucar os pés ao querer andar descalço no jardim e no asfalto queimando, ou ao perambular pelas pedrinhas da estrada e nos espinhos ao desvendar o bosque, ou ao se equilibrar nos corais cortantes de uma praia.

   É mais fácil usar uma bota e se privar dos riscos... Mas também se perde a chance de deslumbrar as mais diversas sensações proporcionadas pela caminhada. E assim fica, parado, sem tentar, sem sair... Apenas ali, por desbravar apenas as cronicas internas irrelevantes, carentes de nexo, inicio e fim.

   Pés intactos, pensamentos sangrando.

   Volta pra gaveta, lá ficará, a proucurar, a brigar entre si e dentro de si até adentrar em si e se perder, se esquecer, se misturar, sacudir, implodir.